Brasil têm sexto maior imposto para empresas

O Brasil tem a sexta maior alíquota de imposto para empresas entre 130 países pesquisados, segundo um levantamento feito pela KPMG Internacional divulgado ontem. De acordo com a consultoria, a carga tributária no Brasil chega a 34%.

Em primeiro lugar, ficaram os Emirados Árabes, com alíquota de 55%, enquanto à frente dos países que menos cobram imposto das empresas apareceu Montenegro, com carga tributária de 9%.

 

Considerando somente os países do G-20, que englobam as vinte maiores economias do planeta, o Brasil sobe para o terceiro lugar, atrás apenas de Estados Unidos (40%) e Japão (35,64%), apontou o levantamento da KPMG.

 

– O estudo mostrou que, em relação à edição anterior da pesquisa, o Brasil vem mantendo a alíquota em 34%, enquanto nove países aumentaram seus impostos e 24 os reduziram – explica Pedro Anders, sócio da KPMG da área de tributos. – Apesar de não ter elevação nos últimos anos, o Fisco brasileiro tem aprimorado os instrumentos eletrônicos de fiscalização para melhorar a arrecadação.

 

O levantamento da KPMG mostra que a alíquota no Brasil é alta, estando no patamar daquelas cobradas em países ricos. Além disso, lembra Anders, apesar da estabilidade na carga tributária para empresas, nos últimos anos os critérios de apuração têm sido modificados.

 

A KPMG chegou aos 34% considerando os 15% da alíquota básica de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, mais 10% sobre o lucro que exceder R$ 240 mil e 9% da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).

 

Um grande problema no Brasil, lembra o especialista da KPMG, é calcular a carga de impostos indiretos cobrados, que apresentam uma complexidade muito grande. Outro desafio, diz Anders, é que, embora as leis tributárias sejam locais, hoje os negócios são globais:

 

– Empresas que operam internacionalmente acabam tendo problemas. Vide o caso da Vale, que acabou indo questionar na Justiça o pagamento de imposto sobre lucros obtidos por suas subsidiárias no exterior.

 

A advogada Ana Cláudia Utumi, sócia responsável pela área tributária do escritório TozziniFreire Advogados, avalia que esse patamar de 34% é muito elevado, e o impacto é conhecido: imposto alto acaba travando muitos negócios.

 

– Essa alíquota é um desestímulo aos novos negócios e acaba travando o reinvestimento de empresas no país. Muitas companhias estão preferindo reinvestir na África ou Ásia, por exemplo – explica a advogada.

 

POR ANO, 2,6 MIL HORAS PREENCHENDO FORMULÁRIOS

 

Ela lembra que para bancos e seguradoras, por exemplo, a carga tributária chega a 40%. Na média, a carga tributária brasileira atual representa 38% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país).

 

– Ou seja, quase 40% do que o país produz vai para tributos – diz Ana Cláudia.

 

A advogada ressalta que a complexidade da legislação tributária brasileira faz com que, no país, as empresas levem mais tempo para cumprir obrigações básicas, como preencher formulários:

 

– Dados do Banco Mundial mostram que as empresas gastam 2.600 horas por ano com preenchimento de formulários e pagamento de impostos. Na Bolívia são 1.080 horas.

 

 

No México, as companhias gastam 450 horas com isso, e no Chile, 300 horas. Nos Estados Unidos, esse tempo é de 170 horas. Ou seja, no Brasil a burocracia também ainda é um grande problema – afirma ela.

 

Os 10 países que cobram o imposto mais alto das empresas

 

1) Emirados Árabes (55%)

2) Estados Unidos (40%)
3) Japão (35,64%)
4) Angola, Argentina, Malta, Sudão, Zâmbia (35%)
5) St. Marteen ( 34,5%)
6) BRASIL, Paquistão e Venezuela (34%)
7) Bélgica e Índia (33,99%)
8) França (33,33%)
9) Namíbia (33%)
10) Moçambique (32%)

 

Os dez países que cobram imposto mais baixo das empresas

1) Montenegro (9%)
2) Bósnia, Bulgária, Macedônia, Paraguai e Qatar (10%)
3) Omã e Macau ( 12%)
4) Chipre e Irlanda (12,5%)
5) Jordânia (14%)
6) Albânia, Geórgia, Iraque, Kuwait, Líbano, Lituânia, Sérvia (15%)
7) Romênia (16%)
8) Hong Kong (16,5%)
9) Cingapura, Eslovênia, Taiwan (17%)
10) Suíça (17,92%)

Fonte: Corporate and Indirect Tax Rate Survey 2014/KPMG
 

Fonte: O Globo